quinta-feira, 16 de junho de 2016

Entrevista para a Backstage

Queen B em nova capa e com entrevista nova, tradução exclusiva aqui no Alice Braga Fã. Falta uma semana exata para a estreia da série!

Antes que houvesse Pablo Escobar e "Narcos", havia Teresa Mendoza e "La Reina del Sur"; agora há a sua adaptação em língua inglesa, do USA: "Queen of the South". Embora Teresa seja uma personagem fictícia, há paralelos suficientes com a líder do notório cartel de drogas mexicano, a "Rainha do Pacífico" Sandra Ávila Beltrán que serviu como um ponto de referência para a estrela revelação da série: Alice Braga.

"Claro que você precisa olhar para essa louca, assustadora, aterrorizante mulher, ainda que Teresa não seja assim", Braga diz de sua outra inspiração da vida real, Griselda Blanco, a "madrinha da cocaína" dos anos 70 e 80, que supostamente cometeu mais de 200 assassinatos antes de ser morta a tiros em Medellín, Colômbia, em 2012 (no mesmo ano, Business Insider* valorizou seu império em US $ 2 bilhões).
Teresa vai fazer lucros semelhantes depois de seu início cometendo pequenos delitos nas ruas do México, onde ela conhece e se apaixona por Güero (Jon Ecker) membro do cartel, e logo vai viver a vida abundante de namorada de um traficante de drogas. Convivendo com o mais alto escalão de narcotraficantes do México, ela leva a culpa depois que o plano de Güero em  lucrar com ambos os lados da lei é descoberto.
Onde alguns encaram a morte e olham para Deus, Teresa não vê nada além de seu próprio futuro, ostentando um penteado elegante, óculos de sol de tamanho grande, e um terno branco imaculado. Esta Teresa é um contraste gritante com a mulher suja de camiseta temendo por sua vida. É uma visão sedutora do que está por vir, tanto para Teresa como para Braga, em seu primeiro grande papel na televisão.

O romance best-seller internacional do autor espanhol Arturo Pérez-Reverte em que a série é baseada foi à primeira introdução de Teresa para Braga e permaneceu sua fonte principal ao longo das filmagens; a atriz diz que ela devorou ​​o livro mais de sete anos atrás e se apaixonou pela personagem imediatamente. "Eu me baseei muito no livro, mesmo que mudem [ele] completamente [no roteiro]", diz ela. "Eu queria interpretar esse personagem, porque é isso que me levou a fazer a série."
A história da rápida ascensão de uma mulher, em um comércio onde as mulheres são frequentemente escaladas como mulas de drogas ou objetos sexuais, foi originalmente planejada como um roteiro de filme para Eva Mendes, mas a passagem do tempo o transformou em uma série, no momento em que Braga viu o script. O romance e Teresa deu a nativa de São Paulo todo o combustível que precisava para moldar a integridade da personagem uma vez que ela estava a bordo.

"Eu tenho tentado criar com [os roteiristas] e, entender que jornada  eles querem fazer, para criar este caminho do ponto A ao ponto B, e como ela recebe essa força e essa confiança para se tornar uma tão ruim (bad bitch)" diz Braga. "Foi lindo, porque [os escritores da série] tinham perspectivas. Eles sabem que eu me inscrevi por causa do personagem, então eu sempre lutei por ela... Eu queria manter sua espinha; Eu precisava mantê-la e quem ela é. Eu sempre digo que eu sou a advogada do personagem, então se eu não fizer isso, ninguém vai fazê-lo. Eu diria para [os escritores], "Ela nunca faria isso, porque ela não é uma vítima. Se ela fosse, ela nunca teria sobrevivido. Se ela fosse uma vítima, ela teria morrido no México e não ido para os EUA".

Braga não é de interpretar mulheres fracas. Depois de obter a sua primeira aparição em um grande filme em 2002 no brasileiro "Cidade de Deus", ela rumou ao mainstream dos EUA em 2007, quando estrelou como a sobrevivente de epidemia companheira de Will Smith em "I Am Legend". Ela continuou a pegar papéis em filmes de ação, incluindo os "Predadores" que Robert Rodriguez produziu, no qual ela interpreta uma assassina, "Redbelt", de David Mamet estrelando ao lado de Chiwetel Ejiofor como sua esposa que não aceita desaforo, e o filme sci-fi "Elysium" como a mulher da favela que contra as probabilidades torna-se uma enfermeira.

"Eu nunca pensei em mim como sendo esta poderosa sobrevivente, e ainda assim eu fiz um monte de filmes desse tipo. No outro dia, um diretor de elenco disse a um diretor quando eu estava na sala, "Ela é uma mulher muito forte, e eu fiquei tipo, ‘Sério? Obrigado, eu não me sinto assim’", admite Braga.
Porque ela nunca tinha feito série de televisão antes, a atriz diz que o compromisso de longa data, recebendo seus roteiros um dia antes de filmar, e desenvolvendo os detalhes que apontam a evolução desta personagem de menina de rua para queenpin, levou um tempo para se acostumar. Compreender seu relacionamento contínuo com Teresa extrapolou seu próprio trabalho com o material de origem e o script, assim como conversas com amigos atores, incluindo Gael García Bernal, e seu treinador, com quem ela iria trabalhar de três a cinco horas por dia.
Ele diz o tempo todo: "Os personagens são o que os personagens são - não se esqueça disso, continue a pensar assim, porque cada detalhe é importante, porque diz muito sobre os seres humanos" ela explica. "Qualquer atitude que você toma em sua vida, mostra quem você é."
Para dar mais humanidade para Teresa, Braga tomou uma dica de Anthony Hopkins, com quem ela atuou em "The Rite", e fez muitas anotações em sua história de fundo do livro: a maneira que Teresa se vestia, suas relações com personagens de apoio, e em seguida, traduziu toda essa informação para o script. A atriz também fez questão de viver na pele de Teresa o mais profundamente possível, ao fazer suas próprias cenas de ação.
Braga ri, ao recordar de ter machucado seu pé durante a execução de uma cena ("Quando eu uso salto alto, meu tornozelo ainda reclama"), e ri novamente quando ela se lembra do momento infeliz durante uma cena, que a levou a ser atingida na boca com uma arma. "Eu sou o tipo de atriz maluca que é muito, 'Vamos fazer isso! Vamos fazer isso! '[Mas às vezes os executivos] eram como, 'Não faça isso’. Por isso, foi engraçado."

A Filosofia “faça você mesmo” de Braga estende-se além de sua atuação. Losbragas, a empresa de produção que ela gerencia com a irmã Rita Moraes e com o roteirista/diretor, Felipe Braga (nenhum parentesco), coloca a atriz em posição de dizer "Faça" sempre que ela está inclinada a isso. Também planta-a firmemente em sua terra natal, onde ela diz que a infra-estrutura de educação para atores e artistas é mínima em comparação com os EUA, assim como são os papéis substanciais para as mulheres que passam no teste de Bechdel**.
"Eu estou tentando desenvolver algumas coisas para personagens principais do sexo feminino, especialmente no Brasil, porque não é que nós não temos, mas ultimamente os filmes que temos com personagens femininas a frente, são ou com mulheres divorciadas de 40 anos que estão odiando seus maridos, ou estão à procura de um marido. Tudo está relacionado [ao homem]", diz ela. "Eu amo atuar, mas é interessante se envolver nos bastidores... [Porque] a minha mãe desistiu de ser atriz e tornou-se assistente de direção, eu cresci indo para sets desde que eu tinha, 04 anos de idade. Para mim, o sonho era estar em um set de filmagem, onde quer que esse set fosse. "
Na frente ou atrás da câmera, Braga reina suprema.


*Business Insider - site de notícias.
** O teste de Bechdel é um questionário que analisa se uma obra de ficção possui pelo menos duas mulheres que conversam entre si sobre algo que não seja um homem. Algumas vezes se adiciona a condição de que as duas mulheres tenham nomes. Muitas obras contemporâneas falham no teste, que é um indicativo de preconceito de gênero. 

Tradução de: Backstage

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